O pobre padre velho e a cultura da ingratidão

Como padre novo, a todo instante escuto pessoas reclamando de seus padres velhos. Pobres Padres Velhos! Em época de padres “pop stars”, cantores, curandeiros e porque não dizer ilusionistas, cresce a cultura da ingratidão!
Pobres Padres Velhos, que na sua vida não aprenderam a ser cantores, mas muitas vezes tiveram de sustentar o canto porque na missa não havia quem cantasse.
Pobres Padres Velhos, que não sabem se comunicar na televisão, mas que durante toda sua vida enfretaram o desafio de comunicar o evangelho mesmo com tão poucos recursos.
Pobres Padres Velhos, sobre eles não se jogam os holofotes dos palcos, porque aprenderam a ser padres nos sertões da vida, celebrando missas iluminados pela vela e não por canhões de luz.
Pobres Padres Velhos, que viveram toda uma vida ungindo os doentes, mas que levam a fama de não curarem como o padre tal. Padres que não mais arrastam multidão, mas que em tempos longíquos eram, sozinhos, pastores de um rebanho imenso.
Não fico feliz quando as pessoas dizem: queriamos um padre novo como você! Sabe por quê não fico? Porque quando eu ficar velho, vão dizer o mesmo de mim pra outros!
Muito menos fico feliz quando um padre novo se acha melhor que um padre mais velho! Pobre padre novo! Beberá de seu próprio veneno!
Texto: Pe. Thiago Linhares
Foto: Fr. Glauber Barros OFM Cap